quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Renato Casagrande: “Lula descarta aumento de impostos, mas exige cortes de gastos”

A derrubada da CPMF provocou a redução de R$ 40 bilhões nas contas governamentais. O senador Renato Casagrande (ES) esteve em reunião com o presidente Lula e afirmou que “o presidente mostrou-se satisfeito com o desempenho do país em vários setores e comemorou resultados positivos do governo”. Segundo ele, Lula descartou qualquer iniciativa de aumento de impostos ou lançamento de pacotes para compensar a perda da CPMF. “A idéia é cortar gastos para garantir o equilíbrio das contas públicas”, informou.

Nesta entrevista, concedida com exclusividade ao Portal PSB, Casagrande também comenta o relacionamento do governo com o Congresso e revela que o clima no Senado está favorável à aprovação da Desvinculação das Receitas da União (DRU). Confira!

Portal PSB: Quais foram os assuntos mais relevantes, neste jantar do presidente Lula com os líderes da base?

Renato Casagrande: Foi uma confraternização. O presidente mostrou-se satisfeito com o desempenho do país em vários setores e comemorou resultados positivos do governo, como a inclusão de mais de 20 milhões de brasileiros das classes ‘D’ e ‘E’ na classe ‘C’. Lula estava muito alegre com as previsões de investimentos das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O presidente também se disse satisfeito com as conquistas que estão solidificando o Mercosul, como o apoio do Uruguai, e aproveitou para – mais uma vez – defender a entrada da Venezuela no bloco.

Portal PSB: O governo tem anunciado que, para compensar o fim da CPMF não pretende aumentar impostos, e sim cortar gastos e planejar as despesas para 2008. O que há de verdade nisso?

Casagrande: Esse foi outro ponto discutido no jantar. Lula está convicto de que o seu governo deve ser diferente de governos anteriores inclusive nisso. Ele não quer governar com pacotes e medidas de sobressalto. Por isso, aproveitou a reunião para anunciar que quer compensar os 40 bilhões de reais da CPMF com ajustes naturais, sem aumento de impostos.
Portal PSB: Qual é a opinião do PSB quanto a isso?Casagrande: Nós concordamos inteiramente com o presidente quando ele diz que não pode haver aumento de imposto. O PSB é favorável a uma reforma tributária o mais rápido possível, para que o governo não fique refém de medidas como a CPMF. A redução de despesas no orçamento deve seguir um curso natural, dentro de um conjunto de ações de adequação orçamentária.

Portal PSB: O sr. acha que o governo pode retaliar o Congresso, com corte de emendas parlamentares, por causa da rejeição da CPMF no Senado?

Casagrande: Eu não diria retaliar o Congresso... Mas com certeza deve ocorrer corte de emendas parlamentares, como sempre ocorreu em todos os governos. Há necessidade de reduzir gastos, para compensar a perda dos recursos que eram garantidos na arrecadação da CPMF, e essa redução não pode passar pelos investimentos sociais, como saúde, educação, bolsa-família e obras do PAC, por exemplo.

Portal PSB: O sr. acha que o clima está favorável para o Senado aprovar a prorrogação da DRU hoje?

Casagrande: Com certeza.

Portal PSB: Na sua avaliação, como deve ser o relacionamento do governo com o Congresso, daqui por diante?

Casagrande: Eu vejo que a estratégia deve se basear na reunificação da base aliada e no diálogo com a oposição. No caso específico do Senado Federal, o episódio da CPMF mostrou que o governo terá que aprender a dialogar mais com as forças políticas, tanto da base quanto da oposição.

Nenhum comentário: